domingo, 26 de julho de 2009

'Dinstâncias'

Menos longe
Mais perto

Dorme o sono
Sonha certo

Menos perto
Mais longe

Outra noite
Cai do bonde

Longe menos
Perto mais

Dá-me um beijo
Não volta atrás

Longe mais
Perto menos

Troca a bola
Perde o senso

Mais perto
Menos longe

Joga a vida
Faz por onde

Mais longe
Menos perto

Ganha tempo
Fica esperto

Longe perto
Menos mais

Chega junto
Tu és demais

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Moto-perpétuo

I must not fear.
Fear is the mind-killer.
Fear is the little-death that brings total obliteration.
I will face my fear.
I will permit it to pass over me and through me.
And when it has gone past I will turn the inner eye to see its path.
Where the fear has gone there will be nothing.
Only I will remain.

(The litany against fear - "Dune", by Frank Herbert)




Alguns dias, como hoje, penso na série "Sandman", de Neil Gaiman, e os Pérpetuos. Mais especificamente em Delírio, que um dia já foi Deleite, e se transformou quando sofreu um trauma nunca revelado.
Quando o deleite vira delírio? E qual a distância disso para Desespero, não por acaso outra dos perpétuos? Isso sem esquecer de Desejo, mais um dos irmãos, que não é personificado como homem nem mulher. São várias as formas que esta história pode ser construída:

Primeiro, você deseja.
Depois, se deleita.
Daí, é um pulo para o delírio.
E tudo acaba em desespero...

Ou então você delira.
Logo entra em desespero.
Busca o deleite.
E acaba só com o desejo.

E ainda você desespera.
Mas não adianta e começa a delirar.
Até que entende que tudo não passa de desejo.
E a vida se torna um deleite...

Como você vai construir sua história? Seu coração é que vai dizer. O importante é nunca deixar de sonhar, delirar, desejar, se deleitar e (por que não?) desesperar de vez em quando também!

"I should warn you: getting what you want and being happy are two quite different things..."
(Desejo em "What I've tasted of Desire - Sandman: Endless nights")

"I have heard the language of apocalypse, and now I shall embrace the silence"
(Delírio em "Going inside - Sandman: Endless nights")


"Her eyes are grey. Her hair is straggly and wet. Her fingers are stubby. The nails are chewed and broken. Her teeth are crooked, jagged things. Her sigil is the hooked ring. One day her hook will catch your heart.
Describing her, we articulate what she is and why she is: when hope is past, she is there. She is in a thousand thousand waiting rooms and empty streets, in grey concrete buildings and anonymous hotels. She is on the other side of every mirror. When the eyes that look back at you know you too well, and no longer care for what they see, they are her eyes.
She stands and waits, and in her posture the pain no longer tells you to live, and in her presence joy is unimaginable"

(Descrição de Desespero em "Portraits of Despair - Sandman: Endless nights")

quinta-feira, 16 de julho de 2009

King Kong de Lilipute

Que o álcool é uma potente ferramenta social não preciso dizer, mas há o momento em que aquela dose passa a ser a mais e, ao invés de libertar da inibição, ele solta uma profusão de micos, gorilas e outros animais menos cotados que, se não nos matam de vergonha, pioram a ressaca. Por isso, em determinadas situações, o melhor é o consumo em ambientes “controlados”.
Foi o que aconteceu num fim de semana destes. Numa providencial medida, amiga recém-casada montou um verdadeiro bar em sua casa. Mesas com tampo de mármore, cooler repleto de cervejas, uísque, vodka, comidinhas e tudo mais que se tem direito. Chamado, não pude resistir ao convite de conhecer o “estabelecimento”.
Cheguei lá já devidamente “calibrado” por algumas doses de puro blended scotch consumidas em almoço de compromisso anterior. No suco de malte estava, nele fiquei. Afinal, é o cachorro engarrafado, mas quem mostra a fidelidade sou eu.
No recinto, apenas o casal anfitrião e mais uma grande amiga, que veio comigo do almoço e também já tinha tomado das suas. Papo vai, papo vem e vamos ficando cada vez mais animados (altos). Logo chega uma outra amiga recém-adquirida, mas tão gente boa que pouco nos importamos com os micos que já estavam escapando da jaula.
Algumas horas e muitos copos depois, a animação chega ao ápice. “Coloca Saltimbancos!”, pede a anfitriã. “Mas tem que ser a música da gata”, emenda a amiga. Pronto, o palco está montado. Som nas alturas, saímos todos a dançar pela sala. Depois de Nara Leão, Miúcha, Ruy e Magro entraram Janis, U2, gritos, abraços, tombos e pulos no sofá.
Se a nova amiga ficou chocada? Não sei, mas o que é pagar um King Kong destes sem platéia, ainda que com dimensões liliputianas. E mais não me pergunte, porque, se eu não lembro, eu não fiz!

PS: Na imagem, mais uma obra dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá. Não conhece? Então vai lá!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Loucura pós-moderna

Vejo o que não está
Ouço o que não fala
Penso o que não existe
Fantasio o que não acontece
Quero o que não tenho
Busco o que não acho

É isso mesmo ou só não entendo nada?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Salsa & Cebolinha

Parabéns, Ceição!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A armadilha

First you captured my eyes, then stole my heart.
And it was my soul that ended up in a prison.

The bars are cold and the floor is wet,
but the heat inside keeps me going ahead.

A prisoner between the walls I built,
locked without being tried or guilt.



Nunca soube direito como agir, e nessas situações sua timidez o deixava ainda mais inepto. Mesmo assim, aqueles olhos o hipnotizavam e não conseguia desviar a vista. Desde que a conheceu a imagem dela povoava sua mente. Além de bonita, era simpática, inteligente, carismática...

Calejado, conseguiu evitar que este encanto se transformasse em uma paixão avassaladora logo de cara. Não conseguiu, porém, apagar de todo a chama que ela despertara. Sempre que sorria o olhar dela se iluminava e, com isso, seu coração ardia um pouco mais.

Dessa forma, aquele sentimento foi crescendo em seu peito, até que chegou o dia em que não resistiu e decidiu se declarar. Mas novamente sua timidez fez com que não fosse da maneira certa. A declaração saiu na hora errada (tarde demais?) e do jeito errado: preferiu escrever no lugar de falar.

A falta de resposta o deixou sem rumo. A frieza, deprimido. A melhor cura, se afastar, não estava a seu alcance: trabalhavam na mesma empresa, tinham muitos amigos em comum. Procurou então responder com indiferença. Não deu certo.

Mudou de estratégia. Resolveu levantar o véu da paixão e enxergar seus defeitos. Se não os tivesse, inventaria. Está gorda. É cheia de ziquizira. Volúvel. Neurótica. Insegura. Imatura. Superficial. Tem chulé! Sem efeito...

Com o tempo, aprendeu a conviver com este sentimento e terminou preso em uma armadilha que ele mesmo montou. Afinal, sempre dizem que, quando você achar "aquela" pessoa, você vai saber. O que nunca dizem é o que fazer quando esta pessoa não está nem aí pra você...
 
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