quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Soltando o verso

Searching for a way to set me free
I see you but you don’t see me

PONTO

Por que palpitas apito do peito
Aperto por pensar perto
Podes pedir paz
Pouco peço
Paro e espero

Parece que importas
Passas à parte
Pisas pequeno
Praticas aproximado

Paralisas no paraíso
Pira sem piripaque
Porta aparece
Para pacato perdão

Perdes o pudor
Aproveitas o pleno
Palavras e promessas
Ponto

......................................................................................................

Palpite infeliz

Estúpido coração
Que palpita sem razão

Troca uma sensação
Pela falta de noção

Sabe que mente
Tão somente

Pára no caminho
Batendo sozinho

O que complica
É o que fica

..............................................................................................................

Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente, que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista... Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes, revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.



Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e
se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta

(Clarice Lispector)


Moon e Bá, de novo para ilustrar. Quer mais? Aqui

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Beijo, me liga!

- Me dá um beijo?
- Numdônão...
- Mas por quê?
- Ora, é seu papel me conquistar.
- E o seu?
- O meu é te provocar...

..........

- Me dá um beijo!
- Como assim? Peraí...
- Ué? Não era conquista?
- Mas invasão bárbara não!

..........

- Me dá um beijo?!
- Hein?
- Esquece...
- Tudo bem...
- Mmmmmmmmmmm...

..........

- Mmmmmmmmmmmmmmmmmmm...
- Mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm...
- Queria te contar...
- Cala a boca e me beija!
- Mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm...

(Melhor pedir perdão que permissão)




"Hay besos que pronuncian por sí solos
la sentencia de amor condenatoria,
hay besos que se dan con la mirada
hay besos que se dan con la memoria.

Hay besos silenciosos, besos nobles
hay besos enigmáticos, sinceros
hay besos que se dan sólo las almas
hay besos por prohibidos, verdaderos.

Hay besos que calcinan y que hieren,
hay besos que arrebatan los sentidos,
hay besos misteriosos que han dejado
mil sueños errantes y perdidos.

Hay besos problemáticos que encierran
una clave que nadie ha descifrado,
hay besos que engendran la tragedia
cuantas rosas en broche han deshojado.

Hay besos perfumados, besos tibios
que palpitan en íntimos anhelos,
hay besos que en los labios dejan huellas
como un campo de sol entre dos hielos.

Hay besos que parecen azucenas
por sublimes, ingenuos y por puros,
hay besos traicioneros y cobardes,
hay besos maldecidos y perjuros.

.........

Yo te enseñe a besar: los besos fríos
son de impasible corazón de roca,
yo te enseñé a besar con besos míos
inventados por mí, para tu boca."

(Trechos de "Besos", por Gabriela Mistral)
 
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