quinta-feira, 15 de abril de 2010

Custódio e o mistério do motel 3

Não era a primeira vez que se envolvia assim. Ele era velho, rico e, melhor, poderoso! Cada dia que passava, mais apaixonado ficava. Calejada, sabia que qualquer encantamento, ao longo do tempo, se esvaia. Isso sim era impedimento.

- Alô?
- Sim?
- Adiei minha volta a Brasília e preciso te ver...
- Onde?
- O de sempre.
- Quando?
- Hoje.
- OK.

Terça-feira Gorda, tinha combinado de se encontrar com Renato. Ele que entendesse. Tomou seu tempo. Arrumou-se, perfume, maquiagem, batom. Mas porquê o Shrines? Achava que o esconderijo estava velho. Pegou um táxi e em minutos estava lá. Era o arranjo. Pegava a suíte e esperava que chegasse. Não foi o que aconteceu

quarta-feira, 17 de março de 2010

Custódio e o mistério do motel 2

Madrugada de Quarta de Cinzas. "É só até hoje, amanhã não tem mais!", os foliões cansados, as fantasias gastas, pensou Custódio. Aprontou-se e saiu para a rua. Ainda podia ouvir o barulho dos tambores, os gritos dos embriagados, sentir o fedor da urina e tropeçar no lixo do carnaval. Gostava desta época do ano. O caos o afugentava e ao mesmo tempo atraía. Os crimes aumentavam, mas os verdadeiros desafios de vez em quando apareciam. "É só mais um turista ou diplomata importante que foi roubado", especulava no caminho. Tinha decidido não esperar a viatura e ir a pé até o Vidigal.

Custódio gostava daquele canto do Rio. Pouco saía dali. Fora criado em outro clima e ambiente. Quando chegou tinha pouca ideia do que iria encontrar. Aos poucos, foi oferecendo seus préstimos em situações difíceis. A mãe brasileira, não foi difícil obter a nacionalidade. Ainda assim teve que enfrentar muita burocracia, o que foi uma certa forma de adaptação. Não era exatamente o que seu pai tinha em mente quando fugiu da ditadura de Salazar.

O começo foi duro. Custódio se dedicava a casos particulares, em geral encontrar objetos desaparecidos, na maioria jóias de família. Nesses casos, apesar de quase sempre o contratante indicar a empregada doméstica como principal suspeita, os responsáveis eram ou o filho drogado, ou a filha vadia, ou a mulher infiel ou o esposo falido.

Um dos objetos mais estranhos que já pediram a Custódio para localizar foi uma boneca inflável, “namorada” do filho doidão de um poderoso industrial. Dizia ele que era a melhor mulher que já tinha conhecido: “Não fala, não reclama e não consome minhas paradas!”. Isso, no entanto, não impediu que o maluco levasse um belo par de chifres. O jardineiro, no maior atraso, tinha pego a boneca e tencionava devolvê-la antes que dessem falta da “namorada”. Um ancinho no barracão de ferramentas, porém, estragou seus planos e ele tentou esconder o “crime” enterrando a dita num canteiro. Nada que um remendo no borracheiro e um pouco de esmalte não tenham resolvido e o doidão pôde continuar vivendo sua história de amor.

Por essas e outras, Custódio decidiu manter distância de casos de traição conjugal, “arroz-com-feijão” de seus colegas brasileiros e “bread-and-butter” dos britânicos. Seu sucessso e discrição em situções do tipo, no entanto, acabaram lhe garantindo fama entre algumas pessoas influentes e, consequentemente, uma sinecura na polícia carioca. Oficialmente era um inspetor e deveria cumprir funções burocráticas de supervisão do trabalho dos detetives. Na prática, tomava conta da feira de difícil lida.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Custódio e o mistério do motel 1


CAPÍTULO 1


Eram duas da manhã quando Custódio acordou sobressaltado com o telefone. Do outro lado da linha, imediatamente reconheceu a voz do delegado Pedrosa.

- Custódio?!

- Sim delegado...

- Preciso que você vá imediatamente para o Motel Shrine, lá na Niemeyer!

- Mas doutor, meu plantão é só no domingo...

- Não interessa, depois a gente acerta. É um daqueles abacaxis que só você pode descascar. Chegando lá o Palhares te explica tudo.

- Sim senhor, já estou indo.

Desde que entrou na polícia, há 10 anos, caíam nas mãos de Custódio os abacaxis, pepinos, batatas quentes e todas as outras analogias com frutas, legumes e tubérculos de difícil lida que se possa imaginar. Era o preço a se pagar para ficar na Delegacia do Leblon, perto de casa e da praia, razão principal porque tinha trocado a gélida Londres pelo por vezes sufocante Rio de Janeiro.

A essa altura, Custódio poderia ser delegado, mas, além da política em torno do cargo, isso significaria ficar longe do Leblon. Assim, resolvia os casos mais difíceis para os chefes e eles o deixavam quieto no seu canto. Afinal, para o delegado Pedrosa, o detetive Palhares e o carcereiro Pimenta – a quem particular e carinhosamente apelidara dos “Três ‘Ps’ da Porrada” – técnicas de investigação se resumiam a paus-de-arara, choques elétricos, baldes d’água ou qualquer outra forma de fazer porcos confessarem ser coelhos, o que para muitos casos era o que bastava. Como dizia Pedrosa: “Esses caras, se ainda não fizeram merda, vão fazer”.

Para uns poucos, o “corretivo” servia de lição e eles nunca mais passavam por uma delegacia. Para outros, era o momento da confissão, que nada adiantava devido aos inquéritos frouxos que resultavam na não abertura de processos nos tribunais. Para a maioria, no entanto, só servia para aumentar a revolta. Esses quase invariavelmente acabavam de volta no sistema penal ou no IML com três tiros na cabeça e um auto de resistência assinado por um PM. “Isso sim é que é polícia”, pensaria um cidadão ingênuo diante de tamanha precisão nos disparos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Comércio de Ano Novo


Trocam-se antigos sentimentos por novas emoções,
velhas idéias por atitudes frescas,
dúvidas mofadas por decisões colhidas

Trocam-se antigas crenças por novas esperanças,
amores perdidos por desejos nascidos,
delírios secos por deleites molhados

Trocam-se antigas palavras por novos verbos,
posições congeladas por movimentos fluidos,
poses empalhadas por posturas inteligentes

De volta, com direito aos gêmeos e tudo. Vão lá!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Soltando o verso

Searching for a way to set me free
I see you but you don’t see me

PONTO

Por que palpitas apito do peito
Aperto por pensar perto
Podes pedir paz
Pouco peço
Paro e espero

Parece que importas
Passas à parte
Pisas pequeno
Praticas aproximado

Paralisas no paraíso
Pira sem piripaque
Porta aparece
Para pacato perdão

Perdes o pudor
Aproveitas o pleno
Palavras e promessas
Ponto

......................................................................................................

Palpite infeliz

Estúpido coração
Que palpita sem razão

Troca uma sensação
Pela falta de noção

Sabe que mente
Tão somente

Pára no caminho
Batendo sozinho

O que complica
É o que fica

..............................................................................................................

Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente, que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista... Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes, revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.



Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e
se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta

(Clarice Lispector)


Moon e Bá, de novo para ilustrar. Quer mais? Aqui

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Beijo, me liga!

- Me dá um beijo?
- Numdônão...
- Mas por quê?
- Ora, é seu papel me conquistar.
- E o seu?
- O meu é te provocar...

..........

- Me dá um beijo!
- Como assim? Peraí...
- Ué? Não era conquista?
- Mas invasão bárbara não!

..........

- Me dá um beijo?!
- Hein?
- Esquece...
- Tudo bem...
- Mmmmmmmmmmm...

..........

- Mmmmmmmmmmmmmmmmmmm...
- Mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm...
- Queria te contar...
- Cala a boca e me beija!
- Mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm...

(Melhor pedir perdão que permissão)




"Hay besos que pronuncian por sí solos
la sentencia de amor condenatoria,
hay besos que se dan con la mirada
hay besos que se dan con la memoria.

Hay besos silenciosos, besos nobles
hay besos enigmáticos, sinceros
hay besos que se dan sólo las almas
hay besos por prohibidos, verdaderos.

Hay besos que calcinan y que hieren,
hay besos que arrebatan los sentidos,
hay besos misteriosos que han dejado
mil sueños errantes y perdidos.

Hay besos problemáticos que encierran
una clave que nadie ha descifrado,
hay besos que engendran la tragedia
cuantas rosas en broche han deshojado.

Hay besos perfumados, besos tibios
que palpitan en íntimos anhelos,
hay besos que en los labios dejan huellas
como un campo de sol entre dos hielos.

Hay besos que parecen azucenas
por sublimes, ingenuos y por puros,
hay besos traicioneros y cobardes,
hay besos maldecidos y perjuros.

.........

Yo te enseñe a besar: los besos fríos
son de impasible corazón de roca,
yo te enseñé a besar con besos míos
inventados por mí, para tu boca."

(Trechos de "Besos", por Gabriela Mistral)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mudanças de comportamento

"Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

...

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional..."

(Trechos de "Definitivo" - Carlos Drummond de Andrade)


Nada muda, ninguém se transforma, por mais que tente. Dias, semanas, meses, anos se passam no processo, porém não é o virar de uma folha de calendário que vai fazer a diferença. Quando a inadequação é o nome e o desejo é o verbo, a decepção invariavelmente surge como o predicado. Será que a questão é reformular esta sentença? Troque seu sujeito, mude seu verbo que o predicado será outro?

Mas como fazer isso quando a mente grita, o coração late e a vontade é incontrolável? Enquanto isso, encantos vão deixando o coração em frangalhos. E os dias, semanas, meses, anos continuam a passar e só resta absorver e digerir cada história.

Nesses períodos, penso se não seria melhor desistir de tudo, retirar-me para uma montanha e virar um ermitão. Ou então me transformar num canalha insensível que não se importa com nada, arrancar o coração do peito e colocá-lo num freezer. Assim, quando tiver uma recaída, bastará abrir a porta e ver aquilo tudo despedaçado para voltar ao bom senso.

Olha os gêmeos aí de novo ilustrando o post. Não sabe quem? Veja aqui!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ditadura vida

"Melhor ser temido do que amado". A lição de Maquiavel tinha sido muito bem aprendida por ele. Desde que assumiu o governo de sua pequena república, aniquilou a oposição, perseguiu adversários, calou protestos. Mas ainda não estava satisfeito. Logo ali, do outro lado da fronteira, era chamado livremente de ditador cruel, brutal tirano, genocida sanguinário. Achou que precisava dar um "upgrade" em sua imagem.

Por sorte, na mesma época começava o movimento mundial do "politicamente correto". Embora nunca tenha se considerado um "político" (uma de suas primeiras medidas quando tomou o poder foi justamente mandar fuzilar todos que encontrou, num dos poucos momentos em que contou com aplausos do povo), pensou que poderia aproveitar a onda. Protamente ordenou que os (poucos) opositores deixassem de ser assim chamados, passando a ser classificados como "ideologicamente equivocados". Os adversários, por sua vez, viraram os "posicionalmente mal colocados". Já os que ainda conseguiam protestar eram os "vocalmente enganados".

Mas só trocar nomenclaturas não era o suficiente. Travou contato com termos como "responsabilidade social", "ecologia", "sustentabilidade" etc. E foi esta última que passou a ser objeto de sua obsessão. Determinou então que tudo em seu país deveria ser "sustentável", a começar pelas políticas de governo.

Cancelou todos os fuzilamentos. A alegria - e alívio - do povo, porém, durou pouco. logo decretou que as execuções deveriam ser por enforcamento. Afinal, eles iriam estimular o plantio de árvores para pendurar os condenados, de sisal para fazer as cordas etc. Além disso, os corpos poderiam ser usados como adubo, sem o risco da contaminação da terra por chumbo e outros metais pesados usados nas balas. Ficou feliz: era o criador do primeiro "genocídio sustentável" da história mundial!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Off topic

É, não consegui fechar nenhum dos textos que estava aprontando para o post desta semana... Então, deixo para meus parcos leitores genial monólogo de "American gods", por Neil Gaiman, sobre crenças. Afinal, como bem disse Martinha, de quem roubei a frase, o que importa é o que acontece entre a São José e o São João!

I can believe things that are true and I can believe things that aren't true and I can believe things where nobody knows if they're true or not. I can believe in Santa Claus and the Easter Bunny and Marilyn Monroe and the Beatles and Elvis and Mister Ed.
Listen – I believe that people are perfectible, that knowledge is infinite, that the world is run by secret banking cartels and is visited by aliens on a regular basis, nice ones who look like wrinkledy lemurs and bad ones who mutilate cattle and want our water and our women.
I believe that the future sucks and I believe that the future rocks and I believe that one day White Buffalo Woman is going to come back and kick everyone's ass. I believe that all men are just overgrown boys with deep problems communicating and that the decline of good sex in America is coincident with the decline in drive-in movie theaters from state to state.
I believe that all politicians are unprincipled crooks and I still believe that they are better than the alternative. I believe that California is going to sink into the sea when the big one comes, while Florida is going to dissolve into madness and alligators and toxic waste.
I believe that antibacterial soap is destroying our resistance to dirt and disease so that one day we'll all be wiped out by the common cold like the Martians in War of The Worlds.
I believe that the greatest poets of the last century were Edith Sitwell and Don Marquis, that jade is dried dragon sperm, and that thousands of years ago in a former life I was a one-armed Siberian shaman.
I believe that mankind's destiny lies in the stars. I believe that candy really did taste better when I was a kid, that it's aerodynamically impossible for a bumblebee to fly, that light is a wave and a particle, that there's a cat in a box somewhere who's alive and dead at the same time (although if they don't ever open the box to feed it it'll eventually just be two different kinds of dead), and that there are stars in the universe billions of years older than the universe itself.
I believe in a personal god who cares about me and worries and oversees everything I do. I believe in an impersonal god who set the universe in motion and went off to hang with her girlfriends and doesn't even know that I'm alive. I believe in an empty and godless universe of causal chaos, background noise, and sheer blind luck.
I believe that anyone who says that sex is overrated just hasn't done it properly. I believe that anyone who claims to know what's going on will lie about the little things too. I believe in absolute honesty and sensible social lies too. I believe in a woman's right to choose, a baby's right to live, that while all human life is sacred there's nothing wrong with the death penalty if you can trust the legal system implicitly, and that no one but a moron would ever trust the legal system.
I believe that life is a game, that life is a cruel joke, and that life is what happens when you're alive and that you might as well lie back and enjoy it.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Anatomusa



Os olhos são as janelas da alma e as portas do desejo,
As pontes do encontro e os abismos da perdição.

A boca é a flor da calma e o doce do beijo,
O sabor do encanto e a fonte da união.

O cabelo é a trama da rede e a coroa da ambição,
A perfeita moldura e a cor da paixão.

As mãos são o veludo do toque e a dor do empurrão,
As amarras do porto e o abraço da ilusão.

Os seios são o terreno aberto e as montanhas da aflição,
O convite ao descanso e o caminho da oração.

De cada parte sua eu tiro uma lição,
Mas é você inteira quem roubou meu coração.

Na imagem, novamente os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá. Não foi ainda? Então !
 
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