segunda-feira, 15 de junho de 2009

A sabedoria de Tyche

Acaso, destino, sorte, coincidência, mensagem do além ou auto-sugestão? Às vezes os desígnios da Fortuna (ou a grega Tyche do título aí de cima) me deixam abismado. Conto:
Sábado, a noite chegando e não sei o que fazer de mim. Após telefonemas e mensagens aleatórias (olha Tyche aí de novo!), bate no meu celular uma resposta que cabia no que eu achava que precisava/podia naquele momento. Um sarauzinho depois de uma peça baseada na obra de Fernando Pessoa, na companhia de uma pessoa que gosto e tem carinho por mim (e bem que eu estava precisando...).
Um ator vestido como o poeta carrega uma cesta de pápeis enroladinhos com poemas e trechos de "Cartas de amor". Um ano atrás, na mesma data, havia entregue uma delas, coisa que não fazia desde que posso me lembrar. No final da carta, parafraseava/citava o mesmo Álvaro de Campos, lembrando como todas as carta de amor são ridículas.
Pois bem. Meto a mão na cesta e tiro um dos canudinhos. Abro e...

"Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme."

Recebo o baque boquiaberto. Um recado de 1933 para o que se passava na minha cabeça nos últimos dias, neste longínquo 2009. Quer saber? No creo en brujas, pero que las hay, las hay!

PS: E não, não recebi uma resposta da minha carta até hoje...

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